sábado, 12 de março de 2011

primeiro jornal pentecostal

Gunnar Vingren e Daniel Berg viajaram 14 dias para chegar ao Pará
Gunnar Vingren e Daniel Berg chegaram à cidade de Belém, capital do Estado do Pará, no dia 19 de novembro de 1910. Eles viajaram durante 14 dias como passageiros do navio Clement que veio de Nova Iorque, Estados Unidos e atracou no porto de Belém. Gunnar Vingren estava com 31 anos de idade nesta época e Daniel Berg com 26 anos.
 
Dois brasileiros lançaram o primeiro jornal pentecostal publicado no Brasil
Antes de os missionários Gunnar Vingren e Samuel Nyström começarem a editar o jornal pioneiro Boa Semente, Almeida Sobrinho e João Trigueiro, lançaram em 1917 o Voz da Verdade. Almeida Sobrinho, um pastor batista que se tornara pentecostal, era o redator-responsável e era auxiliado por João Trigueiro da Silva. Não era o órgão oficial da Missão de Fé Apostólica (como era conhecida a Assembléia de Deus em seus primeiros anos), pois atendia também a três outras igrejas da cidade, as quais criam nas mesmas verdades da doutrina do Espírito Santo. Essas igrejas eram pastoreadas por Almeida Sobrinho.
 
1922: é realizada a primeira Escola Bíblica de Obreiros nas Assembléias de Deus
A primeira Escola Bíblia de Obreiros nas Assembléias de Deus aconteceu em 1922 em Belém do Pará. Durou um mês, de 4 de março a 4 de abril. Participaram 16 obreiros, além do ministrante que foi o missionário sueco Samuel Nyström. Ele havia estudado na Escola Bíblica da Missão Örebro na Suécia em 1914, antes de ser separado evangelista. O tema dos estudos bíblico foi “A obra de Deus”. O modelo de realização de escolas bíblicas para formação bíblica, espiritual e ministerial de obreiros foi inspirado no modelo adotado pentecostais suecos. De 1922 em diante, em todas as partes do Brasil, escolas bíblicas para obreiros passaram a ser realizadas nas Assembléias de Deus, porém, duram apenas uma semana. As mais conhecidas atualmente são as da Assembléia de Deus de Recife, Curitiba e Belenzinho, em São Paulo.
  
Missionário bebeu limonada envenenada e não morreu
Em Jaci-Paraná, por volta de 1921, um homem turco, cuja esposa se convertera, uma vez tentou atirar no missionário norte-americano Paul John Aenis para matá-lo, e depois lhe deu para beber um copo de limonada com veneno, mas Deus preservou a vida do missionário, pois o homem não sabia que o limão cortara o efeito daquele veneno. Pouco tempo depois, aquele homem converteu-se e pediu para ser batizado nas águas pelo próprio missionário Paul John Aenis que se tornou o fundador das Assembléias de Deus no Estado de Rondônia, e pioneiro pentecostal na região do rio Madeira no Estado do Amazonas e do rio Guaporé, no noroeste do Estado do Mato Grosso, fronteiras entre Brasil e Bolívia.

Data: 3/2/2011
Fonte: http://dicionariomovimentopentecostal.blogspot.com

primeiro jornal pentecostal

Gunnar Vingren e Daniel Berg viajaram 14 dias para chegar ao Pará
Gunnar Vingren e Daniel Berg chegaram à cidade de Belém, capital do Estado do Pará, no dia 19 de novembro de 1910. Eles viajaram durante 14 dias como passageiros do navio Clement que veio de Nova Iorque, Estados Unidos e atracou no porto de Belém. Gunnar Vingren estava com 31 anos de idade nesta época e Daniel Berg com 26 anos.
 
Dois brasileiros lançaram o primeiro jornal pentecostal publicado no Brasil
Antes de os missionários Gunnar Vingren e Samuel Nyström começarem a editar o jornal pioneiro Boa Semente, Almeida Sobrinho e João Trigueiro, lançaram em 1917 o Voz da Verdade. Almeida Sobrinho, um pastor batista que se tornara pentecostal, era o redator-responsável e era auxiliado por João Trigueiro da Silva. Não era o órgão oficial da Missão de Fé Apostólica (como era conhecida a Assembléia de Deus em seus primeiros anos), pois atendia também a três outras igrejas da cidade, as quais criam nas mesmas verdades da doutrina do Espírito Santo. Essas igrejas eram pastoreadas por Almeida Sobrinho.
 
1922: é realizada a primeira Escola Bíblica de Obreiros nas Assembléias de Deus
A primeira Escola Bíblia de Obreiros nas Assembléias de Deus aconteceu em 1922 em Belém do Pará. Durou um mês, de 4 de março a 4 de abril. Participaram 16 obreiros, além do ministrante que foi o missionário sueco Samuel Nyström. Ele havia estudado na Escola Bíblica da Missão Örebro na Suécia em 1914, antes de ser separado evangelista. O tema dos estudos bíblico foi “A obra de Deus”. O modelo de realização de escolas bíblicas para formação bíblica, espiritual e ministerial de obreiros foi inspirado no modelo adotado pentecostais suecos. De 1922 em diante, em todas as partes do Brasil, escolas bíblicas para obreiros passaram a ser realizadas nas Assembléias de Deus, porém, duram apenas uma semana. As mais conhecidas atualmente são as da Assembléia de Deus de Recife, Curitiba e Belenzinho, em São Paulo.
  
Missionário bebeu limonada envenenada e não morreu
Em Jaci-Paraná, por volta de 1921, um homem turco, cuja esposa se convertera, uma vez tentou atirar no missionário norte-americano Paul John Aenis para matá-lo, e depois lhe deu para beber um copo de limonada com veneno, mas Deus preservou a vida do missionário, pois o homem não sabia que o limão cortara o efeito daquele veneno. Pouco tempo depois, aquele homem converteu-se e pediu para ser batizado nas águas pelo próprio missionário Paul John Aenis que se tornou o fundador das Assembléias de Deus no Estado de Rondônia, e pioneiro pentecostal na região do rio Madeira no Estado do Amazonas e do rio Guaporé, no noroeste do Estado do Mato Grosso, fronteiras entre Brasil e Bolívia.

Data: 3/2/2011
Fonte: http://dicionariomovimentopentecostal.blogspot.com

pentecostalismo

Foi extremamente produtivo e emocionante o culto da Frente Parlamentar Evangélica desta quarta-feira, 16 de fevereiro no Plenário 2, anexo II da Câmara dos Deputados. O Pastor Samuel Câmara antes de ministrar a palavra apresentou um vídeo da história e do centenário das Assembléia de Deus no Brasil, convidando a todos para, no mês de Junho (2011), participarem das comemorações dos 100 de fundação da igreja em Belém do Pará.

    Ao pregar, o Pastor Samuel citou passagem bíblica registrada em Mateus 14:27 "Tende bom ânimo, sou eu, não temais". O texto é do contexto da multiplicação dos pães, ocasião em que Jesus pediu aos discípulos que entrassem no barco e fossem para o outro lado do mar, enquanto ele despedia a multidão saciada. No meio do mar, desestabilizado pelas ondas, o barco balança e os discípulos se apavoram, mas Jesus aparece andando sobre as águas com uma palavra de ânimo num momento de medo: "Tende bom ânimo, sou eu".
    "Trazendo pra hoje, em muitos casos, vez por outra, nos deparamos com coisas que parecem fantasmas, mas não são. Não tenhamos medo! Enfrentemos encorajadamente as circunstâncias porque o Senhor continua caminhando na nossa direção", afirma o pregador. Pastor Samuel ao concluir a mensagem declarando aos parlamentares que eles são os melhores de Deus para essa 54ª Legislatura.

    O cantor de pagode Vaguinho louvou ao Senhor com a música "Segura na mão de Deus". A RBN (Rede Boas Novas) estará cobrindo as celebrações das quartas-feiras no Congresso Nacional.

    Deputado João Campos (PSDB-GO) escalou para a próxima quarta-feira, 23, as deputadas Benedita da Silva (PT/RJ) e Rosinha da Adefal (PTdoB/AL) para dirigir e pregar respectivamente. A deputada e cantora Lauriete estará louvando ao Senhor.


Data: 18/2/2011 08:35:26
Fonte: Frente Parlamentar Evangélica

pentecostalismo

Foi extremamente produtivo e emocionante o culto da Frente Parlamentar Evangélica desta quarta-feira, 16 de fevereiro no Plenário 2, anexo II da Câmara dos Deputados. O Pastor Samuel Câmara antes de ministrar a palavra apresentou um vídeo da história e do centenário das Assembléia de Deus no Brasil, convidando a todos para, no mês de Junho (2011), participarem das comemorações dos 100 de fundação da igreja em Belém do Pará.

    Ao pregar, o Pastor Samuel citou passagem bíblica registrada em Mateus 14:27 "Tende bom ânimo, sou eu, não temais". O texto é do contexto da multiplicação dos pães, ocasião em que Jesus pediu aos discípulos que entrassem no barco e fossem para o outro lado do mar, enquanto ele despedia a multidão saciada. No meio do mar, desestabilizado pelas ondas, o barco balança e os discípulos se apavoram, mas Jesus aparece andando sobre as águas com uma palavra de ânimo num momento de medo: "Tende bom ânimo, sou eu".
    "Trazendo pra hoje, em muitos casos, vez por outra, nos deparamos com coisas que parecem fantasmas, mas não são. Não tenhamos medo! Enfrentemos encorajadamente as circunstâncias porque o Senhor continua caminhando na nossa direção", afirma o pregador. Pastor Samuel ao concluir a mensagem declarando aos parlamentares que eles são os melhores de Deus para essa 54ª Legislatura.

    O cantor de pagode Vaguinho louvou ao Senhor com a música "Segura na mão de Deus". A RBN (Rede Boas Novas) estará cobrindo as celebrações das quartas-feiras no Congresso Nacional.

    Deputado João Campos (PSDB-GO) escalou para a próxima quarta-feira, 23, as deputadas Benedita da Silva (PT/RJ) e Rosinha da Adefal (PTdoB/AL) para dirigir e pregar respectivamente. A deputada e cantora Lauriete estará louvando ao Senhor.


Data: 18/2/2011 08:35:26
Fonte: Frente Parlamentar Evangélica

pentecostalismo parte 1

Por: Marcos Couto
O século do Espírito Santo

Fatos, pessoas, histórias, detalhes que marcaram a trajetória da Assembleia de Deus, que comemora 100 anos no Brasil


Entre os evangélicos brasileiros costuma-se comentar que, nos mais distantes rincões do país, nas menores e mais inacessíveis cidadezinhas do território nacional, pode não haver nem mesmo uma agência do Banco do Brasil, mas certamente não faltará um templo da Assembleia de Deus.

Trata-se, claro, de uma brincadeira, mas reflete muito bem a realidade. Pergunte nas ruas: “a que igreja você pertence?” A resposta de, pelo menos, um em cada três crentes será: “Assembleia de Deus”. Nessa gigante pentecostal, de fato, os números são grandiosos. Segundo estimativas da própria denominação, são quase 20 milhões de fiéis, filiados aos 6 mil diferentes ministérios e congregando em 100 mil templos.

Difícil é entender como tudo isso começou há quase 100 anos com apenas dois missionários suecos que nem português sabiam falar e ignoravam a existência do Pará, campo para o qual foram enviados a anunciar o Evangelho por meio do batismo com o Espírito Santo. E como em apenas 20 anos e sem qualquer estratégia pré-definida ou recursos, puderam chegar a todas as regiões do país. “É obra do Senhor”, dizem os assembleianos e historiadores oficiais da igreja. Certamente, só é possível compreender a totalidade dessa saga pela fé nos sobrenaturais desígnios divinos. Mas até nisso esse século pentecostal tem uma história que ainda pode ser melhor contada.

O moderno movimento pentecostal surgiu no começo do século XX nos Estados Unidos, quando um grupo de crentes redescobriu na Bíblia o batismo com o Espírito Santo com a evidência inicial da glossolalia – o falar em línguas “estranhas”. Assim como os discípulos reunidos no cenáculo de Jerusalém, durante a Festa do Pentecostes, conforme registrado em Atos 2, os seguidores de Cristo nos idos do século passado também passavam a falar em línguas estrangeiras ou celestiais, recebiam poder para testemunhar, realizavam impressionantes curas e ingressavam nos domínios dos dons espirituais. Em pouco tempo, esse fenômeno transformou-se em um avivamento que sacudiu aquela nação, graças à repercussão das reuniões realizadas na Rua Azuza, em Los Angeles, a partir de 1906.


Uma das cidades mais afetadas por esse avivamento foi Chicago. Ali, em 1909, uma convenção de igrejas batistas aceitou a mensagem do pentecostalismo. Foi nesse evento que dois jovens imigrantes suecos se conheceram e descobriram que tinham muito mais afinidades do que apenas a pátria-mãe. Gunnar Vingren era um recém-formado em Teologia e exercia o pastorado na vizinha South Bend. Daniel Berg, era um operário local. Ambos cultivavam um mesmo chamado, uma mesma paixão e uma única visão: alcançar o mundo com o Evangelho de Jesus. Pouco tempo depois, estreitando ainda mais os vínculos, Berg visitou Vingren. Numa reunião de oração, receberam uma profecia: estavam sendo chamados para pregar a Palavra de Deus em um lugar chamado Pará.

“Deus falou muito conosco. Além de mencionar o local para onde deveríamos ir, disse que a população era muito simples, que deveríamos lhes ensinar os rudimentos da fé. Ainda pudemos ouvir, pela primeira vez, a língua que falava aquele povo: o português”, conta Vingren em seu diário. É bem verdade que o Brasil não era desconhecido tanto nos Estados Unidos quanto na Europa naqueles tempos. Inclusive, Dom Pedro II havia estado na Suécia na década de 1880 e os jornais locais frequentemente publicavam anúncios para atrair interessados a novas possibilidades nos trópicos.

A partir daí, muitos imigrantes suecos desembarcaram no Sul e no Norte do Brasil nos anos seguintes, mesmo no Pará. Vingren e Berg, no entanto, garantiam nada saber sobre o local. Para localizá-lo, precisaram pesquisar. “No dia seguinte, fomos a uma biblioteca para descobrir se em algum lugar do planeta havia lugar com esse nome. O encontramos no Norte do Brasil. Mas era tão longe, que precisamos orar durante alguns dias, pedindo confirmação ao Senhor”, escreve Berg em suas memórias. Sem apoio de qualquer missão e com apenas uma pequena oferta da igreja local, os dois missionários foram para Nova York em 1910. De lá, partiram para o Brasil, chegando em Belém, no Pará, dia 19 de novembro. Tudo pela fé.

Data: 19/2/2011

pentecostalismo parte 2

Por: Marcos Couto

Quando Berg e Vingren aportaram no Brasil, o fogo pentecostal já ardia há alguns meses. Fora trazido, também dos Estados Unidos, pelo italiano Luigi (ou Louis) Francescon e logo daria origem à Congregação Cristã no Brasil, primeira denominação pentecostal brasileira. Mas, estava restrito às comunidades de imigrantes no Paraná e em São Paulo.

Em todo o país, naquele ano de 1910, a realidade espiritual era outra. A Igreja Católica celebrava suas missas em latim; a Luterana, cultos em alemão; a Anglicana, em inglês. O espiritismo ainda era caso de polícia e os cultos afro não eram nomeados ou reconhecidos. “Oficialmente, não havia espaço para a religiosidade popular na época”, destaca o sociólogo Gedeon de Alencar, diretor do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos (Icec) e autor do livro Assembleias de Deus – Origem, Implantação e Militância (1911-1946), publicado pela Arte Editorial.

Naquele tempo, a capital do Pará vivia os últimos dias do apogeu da borracha. Com uma população de 250 mil habitantes, era uma metrópole de contrastes. Ao chegar ali, os viajantes surpreenderam-se com a Boullevard Castilhos França, uma encantadora e larga avenida que, com seus belos canteiros centrais, nada devia às suas mais festejadas similares europeias.

Vingren e Berg aproveitaram para almoçar em um dos restaurantes da região e conhecer a tão falada feijoada e o típico cafezinho nacional. Subindo a 15 de agosto, hoje, Presidente Vargas, avistaram as riquezas dos bem conservados casarões e entraram no suntuoso Teatro da Paz. Mas ali mesmo, na Praça da República, tiveram o primeiro choque. Por todo lado se espalhavam pessoas com narizes, bocas e pés dilacerados. Eram portadores de lepra em busca de algum remédio milagroso. Toda a região ainda sofria com epidemias endêmicas de malária, tuberculose e febre amarela. Como nunca haviam visto antes, pobreza e riqueza conviviam lado a lado em um dantesco espetáculo.

Os missionários sentaram-se em um dos bancos da praça. Queriam orar, interceder por todo aquele povo. Também pedir a Deus direção e para que as portas lhes fossem abertas. Precisariam. Ainda que estivessem acostumados às perseguições – na Suécia, eram levadas a cabo pela quase estatal Igreja Luterana, entidade rica e que considerava ser batista um ato grave de subversão –, por aqui, deveriam transpor a barreira da língua, até então incompreensível, as tradições católicas e o sectarismo dos demais protestantes. Porém, naquele momento, como eram batistas, foi uma igreja batista que os acolheu.

Morando no porão da Igreja Batista da Rua João Balby, 406, Vingren dedicava-se ao estudo da língua. Já Berg era a coluna financeira, tendo conseguido emprego como fundidor. Ainda assim, não era pequeno o movimento no local. Logo que tomavam conhecimento da tal história do revestimento do Espírito, os irmãos começavam a freqüentar o pequeno espaço em busca de mais informações. Na madrugada de 18 de junho de 1911, Celina de Albuquerque, que já havia recebido a cura de um câncer no rosto, recebeu a promessa. Uma benção, mas que culminou em divisão. Parte da congregação creu, mas outra parte rejeitou aquelas manifestações que incluíam músicas cantadas em idiomas ininteligíveis. Bastaram duas assembleias para que 17 membros e os dois suecos fossem excluídos.

Data: 21/2/2011

pentecostalismo parte 3

Por: Marcos Couto

As difamações apenas começavam, mas não impediram que o grupo continuasse a se reunir nas casas dos fieis. Conversões, curas e batismos no Espírito passaram a ser frequentes. A nova igreja adotou o nome de Missão da Fé Apostólica, também empregado pelo movimento da Rua Azuza, mas sem qualquer ligação administrativa com o grupo de William Joseph Seymour. O nome Assembleia de Deus viria somente em 1918, também por sugestão de Gunnar Vingren. A inspiração veio de uma tendência norte-americana. Quatro anos antes, em Hot Springs, diversas igrejas pentecostais haviam adotado a nomenclatura. Mas, uma vez mais, não haveria qualquer ligação institucional entre elas e a brasileira.

A expansão da nova fé foi rápida. Enfrentou pesados artigos veiculados pelos opositores na imprensa local, que teimavam em chamar o movimento de “uma seita perigosa” e “de ter como base o exorcismo”. Mas a publicidade atraiu muita gente. Nem mesmo ameaças e agressões físicas impediram seu avanço para o interior, onde os milagres atraíam novos interessados. Trabalhando como colportor, Berg ajudou muito nesse processo. Nos três primeiros anos, ele espalhou duas mil Bíblias, quatro mil Novos Testamentos e seis mil porções com trechos dos Evangelhos. Antes mesmo de chegar a outros estados, já em 1913, o movimento enviaria seu primeiro missionário a terras além-mar. José Plácido da Costa, um português de nascimento, regressou à sua pátria levando consigo a mensagem pentecostal.

Os primeiros anos foram marcados pela expansão às regiões Norte e Nordeste. Em parte por causa do apoio recebido com a chegada de outros missionários enviados por missões europeias dos EUA e ao apoio recebido da Igreja Filadélfia, em Estocolmo, na própria Suécia. A partir de 1914, chegaram ao Brasil nomes como Otto Nelson, Samuel Nyström, Samuel Hedlund, Nels Nelson, Ana Carlson, Beda Palha, Gay de Vris, Augusto Anderson, Vitor e Elizabeth Johnson, Gustavo e Herberto Nordlund, Simão Lundgren, Joel Carlson, Orlando Boyer, Nils Kastberg e Algot Svenson.

Para auxiliar o trabalho, Almeida Sobrinho e João Trigueiro da Silva começaram a publicar em 1917 a Voz da Verdade, primeiro jornal pentecostal brasileiro. Como não era oficial, teve vida efêmera. “Foi substituído, dois anos depois, pelo periódico Boa Semente, lançado por Vingren e Samuel Nyström, em Belém. Em fins dos anos 20, essa folha ganharia a companhia de O Som Alegre, que passou a ser publicado no Rio de Janeiro, por Vingren e sua esposa Frida”, esclarece o jornalista Silas Daniel em História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (Cpad). Nesses órgãos, relatos como o do missionário Paul John Aenis, que bebeu limonada com veneno em Jaci-Paraná, no ano de 1921, e não morreu, ajudavam a atrair a atenção das pessoas.

Todos esses fatores foram importantes, mas não explicam como, em menos de duas décadas e sem uma estratégia definida, a igreja tenha penetrado em inúmeras vilas e cidades e alcançado os grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre. “A crise da borracha explica essa expansão. Entre os anos 1915 e 1920, por causa desta crise, mais de 200 mil seringueiros retornaram para suas cidades de origem ou para as regiões Sul e Sudeste. Eles foram os grandes responsáveis pela pregação da mensagem pentecostal. Isso não diminui em nada o milagre de Deus, afinal, até na Bíblia, vemos que o Evangelho só saiu de Jerusalém pela ação de pessoas comuns e anônimas que deixaram a cidade por causa da perseguição”, afirma o sociólogo Gedeon de Alencar.

As primeiras décadas da Assembleia de Deus no Brasil foram marcadas também por outro detalhe curioso: a importância da participação feminina nos trabalhos da nova igreja. Em algumas ocasiões, até liderando. “Não há registros oficiais de mulheres no ministério. Mas elas eram mais do que esposas e companheiras”, observa Gedeon. Frida Vingren talvez seja o exemplo mais claro. Nas ausências do marido, era ela que tomava conta da igreja de Belém ao lado do missionário Samuel Nyström. Ele considerava esses momentos como exceções. Mas o próprio Vingren cita em seu diário que, durante tantas vezes em que caiu de cama, doente, foi sua mulher quem assumiu a liderança diária da igreja no Rio.

Outra contribuição fundamental das mulheres se deu na imprensa. Elas eram as principais articulistas dos jornais assembleianos nos anos 1920 e, em seus primeiros números, do Mensageiro da Paz, criado em 1930. “Que outros jornais da época tinham mulheres como redatoras-chefe? É uma vanguarda na questão de gênero que nenhum movimento feminista teve em qualquer parte do mundo”, defende Alencar.



Data: 23/2/2011

PENTECOSTALISMO

Tensão e consolidação ( Parte 4)
Por: Marcos Couto
Tensão e consolidação

A década de 1930 foi marcada por profundas mudanças na Assembleia de Deus. Um processo que não aconteceu sem uma boa dose de tensão. Até então, a igreja era dirigida pelos missionários. Os pastores brasileiros não participavam das principais decisões, senão, das escolas bíblicas de obreiros, realizadas para ensinar e melhor qualificar as lideranças.

Os líderes nacionais queriam autonomia e pediam a liberdade do trabalho no Norte e Nordeste. Para eles, os missionários deveriam passar a direção e continuar seu trabalho evangelístico. Tanto que, entre os dias 5 e 7 de setembro de 1930, por iniciativa deles, foi realizada a primeira Convenção Geral, em Natal (RN). Desse evento, participaram tanto os pastores brasileiros quanto os missionários estrangeiros. Para ajudar no processo, Vingren chegou a trazer da Suécia Lewi Pethrus, líder da Igreja Filadélfia.

Vingren aceitou as reivindicações brasileiras com naturalidade e reconheceu a necessidade de passar o trabalho adiante. Afinal, os pastores nacionais conheciam melhor a cultura e o comportamento local. Mas, apesar de ser um processo natural e uma praxe do trabalho missionário, seguida até hoje pelas principais missões em todo mundo, naquele momento, foi um golpe duro para Vingren. Tanto que a opinião de que essa transição ocorreu sem maiores problemas é contestada por alguns estudiosos. “Ele não teve opção, foi voto vencido. Perdeu na questão das mulheres, pois defendia maior participação feminina. Era a favor da educação teológica e acreditava que a convenção poderia institucionalizar a igreja. Em nenhum momento, se falou em ir embora, mas, em 1932, ele volta à Suécia e morre, doente, um ano depois”, observa Alencar.

Polêmicas à parte, foi a partir das convenções que começam nos anos 30 que surge a espinha dorsal da igreja. Atualmente, as diversas igrejas atuam em cada lugar sem estarem ligadas a uma instituição nacional. Seus pastores e evangelistas são ligados às convenções estaduais ou a ministérios – formados por uma igreja matriz ou sede e por suas filiais – e também às convenções nacionais.

Em 1946, depois ser apenas a assembleia nacional, realizada em diversos anos após a primeira, em 1930, a Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB) passa a ser um organismo, responsável por unir a denominação e representá-la perante as autoridades e a sociedade. “Era uma necessidade, até para manter a coerência doutrinária. Em meados da década de 30, a igreja cresceu e está presente em todos os estados. A partir de então, inicia um processo de consolidação”, explica o pastor Isael de Araújo, diretor do Centro de Estudos do Movimento Pentecostal e autor do Dicionário do Movimento Pentecostal (Cpad).

O período também é marcado por uma mudança no eixo de influência da igreja. Ela deixa de ser dos missionários europeus e passa a ser dos norte-americanos, que começam a ser enviados pela Assembleia de Deus dos EUA. A partir de 1936, chegam ao Brasil nomes como Nels Lawrence Olson, Nils Taranger e John Peter Kolenda. “Mas todas as características originais são mantidas. O que impressiona mais é o intenso trabalho de evangelização pessoal e de cultos nos lares. Essa é a fórmula do crescimento da doutrina”, diz Araújo. Mas essas estratégias tiveram dois significativos apoios: a intensificação da produção de literatura e o uso da mídia na evangelização.

“Diante das exigências de um decreto do presidente Getúlio Vargas de que todos os jornais do país se registrassem no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e de que apenas entidades jurídicas poderiam possuir veículos noticiosos, foi fundada em 1940 a Casa Publicadora das Assembleias de Deus”, escreve o jornalista Emilio Conde, considerado um “apóstolo da imprensa pentecostal” no país, em seu livro História das Assembleias de Deus no Brasil (CPAD). Atualmente, com mais de mil títulos, 700 mil livros vendidos todos os anos e 2,2 milhões de exemplares de revistas de Escola Bíblica a cada trimestre, a CPAD é considerada a maior editora cristã do Brasil. Tanto que, além de publicações também investe em música, rádio, televisão e eventos no país e no exterior.

Essa diversificação começou nos anos 50. Mais exatamente no dia 2 de janeiro de 1955, quando foi ao ar pela primeira vez o programa de rádio Voz das Assembleias de Deus. Não foi o primeiro programa de radioevangelismo do país, mas marcou época como talvez nenhum outro. Com mensagens de Lawrence Olson, era transmitido pela rádio Tamoio para o Rio e, para outros pontos do Brasil, por emissoras como a Tupi, Mayrink Veiga, Copacabana, Relógio, Mundial, Atalaia, Marumby, Boas Novas e outras. Em tempos nos quais a televisão apenas engatinhava, o rádio já havia superado a pecha de “maldito” no meio protestante e as famílias se reuniam todas as noites de domingo, sempre após as 22 horas, horário em que chegavam dos cultos, para ouvir as mensagens. Com o tempo, chegou a ser transmitido também para outros países pela HCJB (Voz dos Andes), de Quito, no Equador, e pela KGEI, da Califórnia, EUA.

Ao todo, foram 34 anos no ar. Um período de profundas mudanças no panorama religioso nacional. Primeiro, com os avivamentos evangélicos dos anos 50, ocorridos principalmente a partir de São Paulo e que deram origem a uma nova onda do pentecostalismo brasileiro com o surgimento de denominações como a Igreja do Evangelho Quadrangular, Deus É Amor e O Brasil para Cristo. Apesar de anunciarem o mesmo batismo com o Espírito Santo, essas igrejas apostavam em grandes concentrações e reuniões em tendas. Depois, com o surgimento do movimento carismático e o consequente avivamento de várias denominações tradicionais, a partir dos anos 60, e, por fim, com o movimento neopentecostal e a teologia da prosperidade que ganha corpo na década de 80.

Mesmo com tanta concorrência, em nenhum outro período a Assembleia de Deus cresce tanto como nestes anos. Um crescimento que também cobra seu preço, já que, a partir de 1989, com a separação entre a CGADB e a Convenção Nacional de Ministros da Assembleia de Deus de Madureira (Conamad), surgem outras Assembleias e convenções independentes, fragmentando a estrutura administrativa da denominação. “Esse é um processo normal e, muitas vezes, salutar. Às vésperas desse centenário, não queremos apenas um crescimento quantitativo, mas qualitativo. Por isso, nossa preocupação é de conservar a sã doutrina e a mesma direção do Espírito e da Palavra que caracterizou a igreja durante esses primeiros tempos”, defende o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da CGADB.

Como todos os assembleianos, ele sabe que rememorar o passado é importante. Mas extrair lições dele é ainda melhor, para que, nos próximos 100 anos, a Assembleia de Deus possa continuar a proclamar o lema que tanto caracterizou os crentes pentecostais no Brasil: “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará”.

Data: 25/2/2011

A NOVA CARA DA FAMÍLIA BRASILEIRA

Pesquisa revela que mulheres já chefiam 35% dos lares em todo o país

Há tempos elas deixaram o avental para trás e saíram de casa em busca do desenvolvimento profissional. Todos sabem que as mulheres chegaram com tudo no mercado de trabalho. O que os mais desavisados podem ainda não ter se dado conta é que agora muitos lares são comandados por elas, seja contribuindo com a maior parte da renda familiar, seja decidindo como será usado o orçamento da família. Hoje 35% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres. Mas elas ainda não podem comemorar completamente o Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 deste mês, pois ainda enfrentam algumas contradições: essas matriarcas, com ou sem maridos, encaram mais anos de estudo, se dividem entre o trabalho e os cuidados com a casa, trabalham mais horas que os homens, mas ainda ganham menos.

    O reconhecimento como chefe da família é dado a quem assume a responsabilidade com os cuidados do lar ou a quem responde mais fortemente pela manutenção econômica da casa.

    De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem quase 22 milhões de famílias que têm como a principal figura responsável pela casa uma mulher. Entre 2001 e 2009, a proporção de casas chefiadas por elas no País saltou de 27% para 35%.

    Destas famílias, 26% são chefiadas por mulheres com marido ou companheiro. Segundo Sabrina Fávaro, integrante do Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas (SP), essa taxa ainda é considerada pequena, apesar do crescimento expressivo dos últimos anos. “Isso se deve principalmente ao fortalecimento da entrada delas no mercado de trabalho”, aponta.

    A secretária Marta Alves de Oliveira, de 41 anos, é um ótimo exemplo desse perfil. É ela quem decide tudo em casa, define todas as aquisições da família e programa as datas de pagamento das contas. “Me considero uma legítima chefe de família, já que administro tudo da casa. Inclusive lembro meu marido das contas dele”, diz. Ela faz parte da parcela de mulheres que ganham mais que seus cônjuges. “Antes de casar já havíamos conversado sobre essa
questão, pois desde sempre ganhei mais que ele. Isso nunca foi um problema. O importante é que o casal se entenda”, afirma.

    O fenômeno da chefia familiar feminina é observado de norte a sul do Brasil e em todas as classes sociais, apesar de estar mais presente entre as classes C, D e E. “Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, mais qualificada e ganhando menos, aumentou o desemprego entre os homens, e isso influenciou para que muitas se tornassem responsáveis pelas famílias, principalmente nas classes mais baixas”, confirma Claudia. De acordo com levantamento do instituto Data Popular, 25% do total da renda da classe A vem da mulher, enquanto na classe C esse índice chega a 41%.

    Estar no comando da família, no entanto, não significa necessariamente que ela ganhe mais do que o marido. Pode ser ela quem decide e analisa como gastar o dinheiro da família sem nem ao menos trabalhar fora. É o caso da dona de casa curitibana Gilda Aparecida Stinghen, de 53 anos. Casada há 3 décadas, ela administra as contas e os cartões e dá a última palavra na maioria das decisões de consumo da família. “Sou eu quem lembra das datas de vencimento. Além disso, é raro ele perceber que uma conta veio mais alta do que o normal ou que estamos pagando um plano que não precisamos. O controle do dia a dia da casa é todo meu”, diz.

    Gilda decide quais planos de tevê a cabo, de telefone fixo e de celular a família vai utilizar. Além disso, é responsável pelo controle dos dois cartões de crédito do casal. “Sei quando é o melhor dia de usar um ou em qual podemos parcelar compras maiores”, conta. Ela se considera mais econômica que o marido e por isso assumiu a função de “contadora”.

    Claudia Nogueira, professora do departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina, explica que, apesar dos avanços, o valor da força de trabalho feminina ainda é 30% menor do que a masculina. “Isso se deve porque historicamente a mulher sempre foi responsável pelo trabalho doméstico, que nunca foi remunerado, e também ao pensamento que o salário feminino serve apenas como complementação da renda familiar. Não se leva em consideração que ela pode ser a chefe da família”, afirma Claudia, que também é autora de dois livros sobre o assunto.

    Segundo o estudo do Ipea, nos casais sem filhos, as mulherer recebem, em média, 80% dos ordenados dos maridos. Entre os casais com filhos, a renda delas chega a 73% do salário médio dos companheiros. “Elas ainda são maioria em empregos precarizados (sem carteira assinada ou por conta própria). Muitas trabalham na informalidade e mesmo assim são chefes de família. Isso é muito ruim”, aponta Leila Rebouças, assistente técnica do Centro Feminista de Estudos. Isso sem falar que são mais escolarizadas que eles. Segundo a pesquisa do Ipea, a média de anos de estudo das mulheres chefes de família é de 8,3 anos, enquanto seus companheiros alcançam 7,5 anos. Os homens chefes de família tem 7 anos de escolaridade, enquanto que as mulheres cônjuges apresentam a média de 7,6 anos. “Além de serem mais qualificadas e trabalharem fora, elas ainda são as principais responsáveis pelos afazeres domésticos. Muitas vivem com jornadas duplas e até triplas”, destaca Sabrina.

    A professora Márcia Torres, de 32 anos, sabe bem o que é administrar  múltiplas  tarefas. Além de cuidar da casa, ela encontra tempo para dar aula, cuidar do filho e do marido e dar assistência ao pai, que tem Alzheimer. E ainda organiza o orçamento da família. “Anoto as entradas e saídas numa planilha semanal”, conta.

    Os homens, porém, continuam contribuindo pouco com as tarefas domésticas (veja tabela abaixo). “É difícil homem que realmente divide o trabalho em casa. Mas elas também precisam aprender a deixar os companheiros participarem dos afazeres. De nada adianta ela terem conquistado espaço no mercado produtivo se o trabalho doméstico não for dividido”, diz Claudia Nogueira.


Data: 12/3/2011
Fonte: Folha Universal