domingo, 5 de junho de 2011

Ministro da Justiça nega que Coaf tenha enviado relatório à PF sobre Palocci

José Eduardo Martins Cardozo, que também tem uma consultoria, entra em operação para blindar colega de goveno

Luciana Marques
O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, negou nesta quinta-feira que a Polícia Federal (PF) esteja investigando o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, devido a seu enriquecimento nos últimos anos. O ministro também negou informação divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que revelou que o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Fazenda, enviou relatório à PF comunicando que a empresa Projeto Administração de Imóveis – cujo dono é Palocci - fez uma operação financeira suspeita na compra de um imóvel de uma empresa que estava sob investigação policial.

A manifestação do Coaf ocorreu há cerca de seis meses, depois de o órgão ser informado do episódio pelo banco que intermediou a transação financeira. As aquisições realizadas pela empresa no ano passado multiplicaram por 20 o patrimônio do ministro - que hoje chega a 7 milhões de reais.
“O ministro Palocci é meu amigo pessoal e companheiro de partido. Mas, se houvesse alguma coisa que o desabonasse, não o pouparia”, afirmou Cardozo. O ministro participava de audiência pública na Comissão de Segurança Pública quando foi questionado pela oposição sobre o tema. A postura de Cardozo faz parte do conjunto de ações proposto pelo governo para blindar Palocci.
Por outro lado, ao apoiar o ministro da Casa Civil, Cardozo está indiretamente se defendendo. Isso porque, segundo informou o jornal O Estado de S. Paulo, ele também possui uma empresa de consultoria, a Martins Cardozo Consultores Ltda., aberta em sociedade com o pai. O ministro da Justiça, dono de 50% da propriedade, afirmou ter criado a empresa nos anos 90 para dar palestras, cursos e conferências.
PPS - O PPS entrou nesta quinta-feira com nova representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo que o órgão acione a PF e o Coaf. “Trata-se de um fato novo que o representante entende ser de fundamental importância para a elucidação dos fatos. Tudo indica que, no mínimo, o caso merece ser investigado a fundo”, diz a representação assinada pelo líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR).
Em paralelo, o PPS tentará apresentar requerimentos de convocação de Palocci em todas as comissões temáticas da Casa. Nesta quarta-feira, o governo realizou uma manobra para encerrar as atividades de todas as comissões da Câmara dos Deputados para evitar a votação da convocação do ministro. 

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